O número de reclamações referentes a cobranças indevidas realizadas por operadoras de celular no País aumentou 36,5% no primeiro trimestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010. Foram 87.903 queixas relativas a planos pré e pós-pagos. O empresário Alex Sander Maciel comprou números da Vivo para sua empresa a um consultor de vendas da operadora. No entanto, o valor da fatura e a cobrança das ligações interurbanas foram muito diferentes ao ofertado pelo representante da empresa. O autônomo Rodrigo Ricardi de Souza aceitou um plano da OI que incluía 100 mensagens de texto por mês. Porém, depois de 18 meses, a operadora cancelou o referido pacote e passou a cobrá-lo, sem sequer informá-lo.
Pelo mesmo problema passa a analista de comunicação Michelli Abilio Teixeira. "A Claro me cobrou o valor de R$ 2.419,35 em um pacote de dados na internet, que custa por volta de R$ 200", contou. Os clientes que compram créditos também se queixam de cobranças que são feitas por meio de descontos no saldo de recarga.
Repetição crônica
Para o advogado especialista em defesa do consumidor, Josué Rios, o problema está na repetição crônica das cobranças indevidas. "As operadoras agem assim porque confiam na impunidade resultante da falta de fiscalização", afirmou.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número de reclamações acompanhou o crescimento do número de linhas adquiridas no País. Até março de 2010, eram pouco mais de 179 milhões de linhas habilitadas. Um ano depois, o número ultrapassou a marca de 210 milhões (alta de 17,3%).
É preciso investimento
Mas a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Veridiana Alimonti, afirma que os números não podem ser interpretados dessa maneira. "Não é porque a base de clientes aumentou que as reclamações têm de aumentar. Ao contrário, é preciso investir ainda mais nos serviços para evitar esses erros", acrescenta.
Operadoras
A Claro diz que "tem trabalhado para a melhoria contínua dos seus serviços". Já a TIM afirma que 85,3% das chamadas feitas por clientes para a operadora são resolvidas já no primeiro contato, ainda que o número de clientes seja 26% maior que no 1º trimestre de 2010. A Vivo argumenta que "faz intensivos investimentos para a melhoria de processos, infraestrutura e capacitação de seus colaboradores envolvidos no relacionamento com mais de 62 milhões de clientes". A Oi não se manifestou até o fechamento da edição.
Além disso, continuam as falhas no serviço das operadoras. Na última semana, em Fortaleza, o problema foi mais intenso com TIM e OI. A OAB aguarda elementos técnicos da Anatel para ingressar ação judicial ou outra medida cabível, diz Eginardo Rolim, da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/CE.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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