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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ESCRITORES: Os desafios para ingressar no mundo das ´belas letras´


O maior sonho de um escritor é ver seu livro publicado e chegar às mãos do público, certo? Mas se quem vive na Capital encontra dificuldades de publicação, que dirá os escritores do interior, enfrentando não apenas os altos custos como a distância dos pontos de produção e distribuição de livros.

Para uma ideia sair da gaveta para virar página impressa, muitos recorrem a editais e prêmios literários, promovidos por instituições e agentes governamentais. No caso do Ceará, alguns deles inclusive privilegiam ou reservam uma parte do dinheiro investido para produções do Interior. Mas aí esses escritores encaram um outro entrave: a falta de familiaridade com elaboração de projetos, propostas e outros processos burocráticos.

Inserção
Na primeira edição do Prêmio Literário para Autores Cearenses, agora denominado Prêmio Literário do Ceará, promovido este ano pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult), apenas 24 dos 110 projetos aprovados eram oriundos do interior.

Com investimento de R$ 2 milhões, a iniciativa busca estimular a produção e valorização dos autores, ilustradores e editores que atuam no Estado. Além de Fortaleza, o prêmio contemplou escritores de outros 19 Municípios: Limoeiro do Norte, Juazeiro do Norte, Crato, Iguatu, Maranguape, Russas, Itapipoca, Crateús,
Barro, Barreira, Maracanaú, Jaguaruana, Mulungu, Sobral, Morada Nova, Massapê, Quixadá, Independência e Acaraú.

"Na época das inscrições, ligamos para todas as secretarias de Cultura e Educação do interior para informar sobre o prêmio e garantir a maior participação possível. Tentamos reduzir, ao máximo, a burocracia existente. No atendimento, por entender as dificuldades dos proponentes do interior, auxiliamos no que pudemos, sendo o mais flexíveis possível, mas sem ferir, em nenhum momento, a legalidade. Não se pode negar que em Fortaleza as pessoas estão mais próximas dos centros culturais, têm acesso a mais informações, o que leva a uma produção de melhor qualidade, mas já temos nomes de destaque do interior em nosso cenário literário", comenta Raymundo Netto, da Coordenadoria de Políticas do Livro e do Acervo da Secult.

Já no caso dos Editais de Incentivo às Artes, que contemplam a execução de projetos em diversas manifestações artísticas, 50% dos recursos destinados pelo Fundo Estadual de Cultura (FEC) são para projetos oriundos do interior. Mas para Raymundo Netto, o fator que mais dificulta o acesso destes artistas a editais e prêmios literários é a falta de informação e qualificação para pleiteá-los.

"Um dos fatores que contribue para a menor busca de escritores do interior por editais ou demais concursos literários por nós promovidos é a falta de qualificação destes para elaboração de projetos, o receio de não conseguir cumprir com as exigências da lei no que diz respeito à elaboração, execução e prestação de contas, e a falta de informação ou de apoio pelas instituições culturais do interior", relata.

Num esforço para reverter a situação e permitir a democratização de oportunidades para os escritores do todo o Estado, a Secult realiza, desde o ano passado, diversos cursos de qualificação para elaboração de projetos culturais nas mais diversas regiões do Ceará, com o apoio de profissionais especializados para orientar estes postulantes. Os cursos são gratuitos e abertos ao público.

No que diz respeito à distribuição, Raymundo Netto ressalta que todas as obras contempladas por prêmios e editais estaduais são distribuídas para as 192 bibliotecas pertencentes ao Sistema Estadual. A ação auxilia na formação de novos leitores, amplia o acervo destas bibliotecas e permite a esses escritores aquilo que mais almejam: público leitor.

Obras raras
Outra preocupação tem sido resgatar obras de nomes importantes da literatura cearense cujas edições encontram-se esgotadas ou que não chegaram a ser publicadas. Para cumprir este objetivo, a Secult criou o Selo Mais Cultura.

"O selo inclui escritores do interior, trazendo novamente ao público livros raros e esgotados. Um exemplo disso é ´O Almirante´, obra do sobralense Domingos Olímpio que circulou em folhetins e não chegou a ser publicada. De Antônio Sales, que nasceu em Paracuru, serão publicados ´Minha Terra´ e ´Retratos e Lembranças´. Também haverá uma parte dedicada à história do Cariri, com livros de Irineu Pinheiro, Jáder de Figueiredo Filho e Floro Bartolomeu", explica Raymundo Netto.

Outra forma de dar a conhecer quem faz a produção cultural no Ceará é o Sistema de Informações Culturais (Sinf), também da Secult. "Por meio desse sistema online, qualquer pessoa pode encontrar informações sobre artistas, produtores culturais, grupos, e instituições envolvidos com cultura no Estado, e isso inclui os nossos escritores. Além disso, o sistema nos auxilia nos planejamentos das políticas culturais", afirma o coordenador do Sistema Estadual de Cultura, Franzé Silva.

De acordo com o coordenador, qualquer pessoa pode se cadastrar no Sinf. Depois de preencher os dados, as informações são analisadas e validadas num prazo médio de uma semana. Mas até o fechamento desta edição, não foi possível saber quantos escritores do interior estavam cadastrados no Sinf.

MAIS INFORMAÇÕES
SecultAv. General Afonso Albuquerque Lima, S/N, 3º andar - Fortaleza-CE
(85) 3101.6785/ (85) 3101.6770

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