O reaparecimento da dengue tipo 4 no Brasil; a reintrodução, após cinco anos, do sorotipo 1 em Fortaleza; e o aumento do número de casos em 25% entre julho de 2009 e 2010 no Estado, mesmo em tempo seco, acionaram o alerta vermelho para a doença no Ceará, especialmente a Capital, onde o Aedes aegypti, transmissor da doença, infectou 233 pessoas somente no mês passado.
A maior preocupação é, sem dúvida, a presença do tipo 4 ou DEN-4, afirma o coordenador da Célula de Proteção e Promoção da Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonseca.
Segundo ele, não existe como bloquear as divisas para eliminar a entrada do mosquito. A única coisa a fazer, diz, é o que o Ministério da Saúde recomendou aos Estados: redobrar as ações de combate aos focos; reforçar o atendimento nas unidades de saúde; e aumentar o número de exames de isolamento viral (que identifica qual a linhagem do tipo de dengue).
Para isso, adianta Fonseca, o Estado deve cadastrar o Hospital São José como Unidade Sentinela para também colher material específico utilizado pelo Laboratório Central (Lacen) no isolamento do vírus. Atualmente, somente o Gonzaguinha do José Walter e o Centro de Saúde da Família Irmã Hercília, no São João do Tauape, fazem esse procedimento. "Se necessitar, ampliaremos a ação para o Hospital Alberto Sabin", diz ele.
Uma nova campanha de esclarecimento e mobilização da população já está sendo articulada para setembro. "Sem o engajamento de todos não seremos capazes de deter o avanço do vírus", avalia o infectologista e gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Antônio Lima.
O alvo será o próximo período chuvoso, época onde o mosquito se prolifera com mais facilidade. "A meta é 2011 para evitar uma nova epidemia e agora, possivelmente, com as presenças de todos os tipos".
Tanto Manoel Fonseca quanto Antônio Lima são unânimes em advertir que a presença de esse novo agente, o DEN-4, poderá elevar o número de casos positivos e aumentar a gravidade da doença no País.
Segundo Fonseca, o alerta nacional para a circulação do tipo 4 se justifica porque o brasileiro não tem imunidade contra este sorotipo e, por isso, há risco de epidemias caso ele se disperse para outros estados.
A ausência de imunidade ao vírus 4, associada à ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos virais, aumenta a possibilidade de ocorrência de casos graves de dengue. "Isto porque, quando o paciente pega a doença mais de uma vez, aumentam as chances de desenvolver formas graves da doença se infectado mais uma vez pelo mosquito", explica o médico.
Circulação viral
Em 1981, os sorotipos DEN-1 e DEN-4 foram os primeiros a serem isolados no Brasil, em uma epidemia de dengue ocorrida Boa Vista (Roraima). Após um intervalo de cinco anos sem registro de casos no País, detectou-se a recirculação do tipo 1 nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Bahia. Quatro anos depois, em 1990, o tipo 2 entrou no Brasil e, em 2001, detectaram-se os primeiros casos de DEN-3. Desde então, os três sorotipos circulam de forma dispersa e heterogênea.
O tipo 4 não era detectado no Brasil desde 1982, porém já circula há vários anos em dez países das Américas, incluindo Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. Roraima faz fronteira com a Venezuela.
Por ter ocorrido há quase três décadas no País, a detecção de um caso suspeito de DEN-4 exige a confirmação laboratorial por diferentes técnicas.
VIGILÂNCIA
Secretaria bloqueia Mondubim e Cajazeiras
O retorno da dengue tipo 1 a Fortaleza também é motivo de muita preocupação por parte das autoridades sanitárias do Município. A circulação do sorotipo nos bairros Mondubim (na Secretaria Executiva Regional V) e Cajazeiras (Regional VI) motivou o isolamento epidemiológica nos dois bairros por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
De acordo com o gerente da Célula da Vigilância Epidemiológica da Secretaria, Antônio Lima, os dois bairros detêm a liderança no número de casos na Capital. Mondubim com 98 confirmações e Cajazeiras, com 71, merecem desde do início do ano atenção redobrada dos agentes sanitários. "Reforçamos as visitas domiciliares, o borrifo, os esclarecimentos à população com relação a importância da prevenção", informa ele.
Crianças menores de seis anos e jovens de até 20 anos são alvos de maior atenção. "Até porque, em relação às crianças, o vírus 1 não circulava aqui desde 2005. Elas são as mais propensas a serem infectadas".
Mesmo o DEN-1, explica ele, não sendo o mais perigoso, por não registrar formas menos graves da doença em comparação aos sorotipos 2 e 3, pode causar grandes estragos. "É preciso estar atento e redobrar os cuidados no combate ao mosquito".
Segundo o boletim da SMS, Fortaleza soma este ano - entre janeiro e julho - 1.193 casos da doença. Em todo o ano passado, foram 4.142 ocorrências. A redução global não diminui a preocupação com relação ao mosquito. Se compararmos apenas o mês de julho de 2009 e 2010, houve um aumento de 130% dos casos confirmados.
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
A maior preocupação é, sem dúvida, a presença do tipo 4 ou DEN-4, afirma o coordenador da Célula de Proteção e Promoção da Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonseca.
Segundo ele, não existe como bloquear as divisas para eliminar a entrada do mosquito. A única coisa a fazer, diz, é o que o Ministério da Saúde recomendou aos Estados: redobrar as ações de combate aos focos; reforçar o atendimento nas unidades de saúde; e aumentar o número de exames de isolamento viral (que identifica qual a linhagem do tipo de dengue).
Para isso, adianta Fonseca, o Estado deve cadastrar o Hospital São José como Unidade Sentinela para também colher material específico utilizado pelo Laboratório Central (Lacen) no isolamento do vírus. Atualmente, somente o Gonzaguinha do José Walter e o Centro de Saúde da Família Irmã Hercília, no São João do Tauape, fazem esse procedimento. "Se necessitar, ampliaremos a ação para o Hospital Alberto Sabin", diz ele.
Uma nova campanha de esclarecimento e mobilização da população já está sendo articulada para setembro. "Sem o engajamento de todos não seremos capazes de deter o avanço do vírus", avalia o infectologista e gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Antônio Lima.
O alvo será o próximo período chuvoso, época onde o mosquito se prolifera com mais facilidade. "A meta é 2011 para evitar uma nova epidemia e agora, possivelmente, com as presenças de todos os tipos".
Tanto Manoel Fonseca quanto Antônio Lima são unânimes em advertir que a presença de esse novo agente, o DEN-4, poderá elevar o número de casos positivos e aumentar a gravidade da doença no País.
Segundo Fonseca, o alerta nacional para a circulação do tipo 4 se justifica porque o brasileiro não tem imunidade contra este sorotipo e, por isso, há risco de epidemias caso ele se disperse para outros estados.
A ausência de imunidade ao vírus 4, associada à ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos virais, aumenta a possibilidade de ocorrência de casos graves de dengue. "Isto porque, quando o paciente pega a doença mais de uma vez, aumentam as chances de desenvolver formas graves da doença se infectado mais uma vez pelo mosquito", explica o médico.
Circulação viral
Em 1981, os sorotipos DEN-1 e DEN-4 foram os primeiros a serem isolados no Brasil, em uma epidemia de dengue ocorrida Boa Vista (Roraima). Após um intervalo de cinco anos sem registro de casos no País, detectou-se a recirculação do tipo 1 nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Bahia. Quatro anos depois, em 1990, o tipo 2 entrou no Brasil e, em 2001, detectaram-se os primeiros casos de DEN-3. Desde então, os três sorotipos circulam de forma dispersa e heterogênea.
O tipo 4 não era detectado no Brasil desde 1982, porém já circula há vários anos em dez países das Américas, incluindo Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. Roraima faz fronteira com a Venezuela.
Por ter ocorrido há quase três décadas no País, a detecção de um caso suspeito de DEN-4 exige a confirmação laboratorial por diferentes técnicas.
VIGILÂNCIA
Secretaria bloqueia Mondubim e Cajazeiras
O retorno da dengue tipo 1 a Fortaleza também é motivo de muita preocupação por parte das autoridades sanitárias do Município. A circulação do sorotipo nos bairros Mondubim (na Secretaria Executiva Regional V) e Cajazeiras (Regional VI) motivou o isolamento epidemiológica nos dois bairros por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
De acordo com o gerente da Célula da Vigilância Epidemiológica da Secretaria, Antônio Lima, os dois bairros detêm a liderança no número de casos na Capital. Mondubim com 98 confirmações e Cajazeiras, com 71, merecem desde do início do ano atenção redobrada dos agentes sanitários. "Reforçamos as visitas domiciliares, o borrifo, os esclarecimentos à população com relação a importância da prevenção", informa ele.
Crianças menores de seis anos e jovens de até 20 anos são alvos de maior atenção. "Até porque, em relação às crianças, o vírus 1 não circulava aqui desde 2005. Elas são as mais propensas a serem infectadas".
Mesmo o DEN-1, explica ele, não sendo o mais perigoso, por não registrar formas menos graves da doença em comparação aos sorotipos 2 e 3, pode causar grandes estragos. "É preciso estar atento e redobrar os cuidados no combate ao mosquito".
Segundo o boletim da SMS, Fortaleza soma este ano - entre janeiro e julho - 1.193 casos da doença. Em todo o ano passado, foram 4.142 ocorrências. A redução global não diminui a preocupação com relação ao mosquito. Se compararmos apenas o mês de julho de 2009 e 2010, houve um aumento de 130% dos casos confirmados.
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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