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quarta-feira, 21 de julho de 2010

ELEIÇÕES 2010: Traficante, Estelionatário, Falsário dentre outras coisas declara ter patrimonio de R$ 92 milhões e quer ser deputado federal por SP


É cada um que aparece, leiam: Dono do sexto maior patrimônio entre os mais de 5.700 candidatos a deputado federal no país, Selmo Santos (DEM-SP) declarou à Justiça Eleitoral possuir participação de R$ 80 milhões numa universidade que não existe.
 
Apesar de declaradamente milionário, o endereço oficial da candidatura de Selmo Santos, 37, é uma casa simples, com tijolos à mostra, sem campainha, vigiada por um vira-lata e com roupas estendidas em um varal.
 
Segundo vizinhos, Selmo mora no local com a mãe, mas eles disseram não saber o telefone da residência. Seu advogado, André Luiz Stival, confirma que ele reside na casa. A Folha foi ao local na segunda-feira, mas não havia ninguém em casa.
 
Procurado desde sexta, Santos, por meio do advogado, não deu explicação sobre a discrepância entre patrimônio declarado e realidade.
“Aí é com ele e com a Receita Federal”, afirmou.
 
Em março deste ano, Santos foi condenado a um ano e dois meses de prisão, em regime semiaberto, por estelionato. A sentença é da 11ª Vara Criminal de São Paulo.
 
Em 2004, ele já havia sido preso em flagrante pela Polícia Federal por tráfico de drogas. Ainda responde a dois outros processos: um por falsidade ideológica, e outro por estelionato.
No registro de sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral, Santos se diz “diretor de estabelecimento de ensino” e dono de bens num total de R$ 91,6 milhões.
 
Além de diretor da Unilma (Centro Universitário Livre do Meio Ambiente), Santos tem carteira de estagiário da OAB e já atuou como defensor de acusados por tráfico e roubo em processos.
 
O Ministério da Educação não tem nenhum registro da Unilma. A faculdade, apesar de não existir, conta com brasão e estatuto registrado em cartório. Está formalmente sediada numa casa na zona leste de São Paulo, segundo registros na Receita Federal. A família que mora ali diz nunca ter ouvido falar da instituição ou de Santos.
 
O estatuto da entidade prevê, como uma de suas fontes de renda, “doações e contribuições de pessoas físicas e jurídicas nacionais, estrangeiras e internacionais”.
 
Além da participação na universidade, a declaração de bens de Santos inclui, entre outros, dois imóveis em regiões de luxo em São Paulo e R$ 4 milhões aplicados em caderneta de poupança.
 
Ele consta como um dos três fundadores da entidade, em maio de 2002. À época, tinha 29 anos. Além dele, outras duas pessoas assinam a ata de fundação da instituição: o reitor Luiz Alberto Ribeiro e a pró-reitora acadêmica Maria das Dores Oliveira.
Na ata, ambos declaram morar numa mesma casa na Vila Brasilândia, uma das regiões mais pobres de São Paulo, na zona norte.
 
Selmo é um dos 31 candidatos à Câmara pelo DEM-SP. O processo de definição dos nomes do partido foi acompanhado de perto pelo presidente do diretório estadual e prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Advogado não explica patrimônio declarado de Selmo Santos, do DEM

O advogado do candidato Selmo Santos (DEM-SP), André Luiz Stival, não conseguiu explicar como seu cliente construiu um patrimônio de R$ 91,6 milhões.
 
"Não sei [como]. Aí é com ele e com a Receita Federal", afirmou o advogado.
 
Stival disse não saber se a declaração entregue por Santos à Justiça Eleitoral é semelhante à sua declaração de Imposto de Renda.
 
A Folha tenta contato direto com Santos desde a última sexta-feira. Ele não retornou os recados deixados no celular informado no registro de sua candidatura. Seu advogado não informou à Folha os telefones de seu cliente.
 
Stival admitiu que a Unilma, criada oficialmente em 2002, não existe de fato.
 
"Ela está em fase de implantação, recolhendo patrocínios, mas ainda não tem um local físico", disse Stival, que não informou quais seriam esses patrocinadores.
 
Sobre o histórico de condenação e processos criminais contra Santos, Stival afirmou não ter informações por cuidar "da parte cível dele". No entanto, ele representa Santos em um processo por estelionato.
 
Questionado se a universidade seria fachada para alguma atividade ilícita, o advogado disse que "aí é uma questão de investigação".
 
O DEM, em nota, disse que Santos "cumpriu todas as formalidades necessárias para a indicação [à disputa]".

Fonte: Folha.com

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