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segunda-feira, 26 de abril de 2010

POLICIA: Delegados da Capital investigarão morte de ambientalista


As investigações sobre a morte do ambientalista e líder comunitário José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé, ganharam o reforço de dois delegados: Santos Pastor, da Divisão Anti-Sequestro (DAS), e Jocel Dantas, do Departamento de Polícia do Interior (DPI). Eles foram convocados pelo superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, na tarde do último sábado. ``É para assessorar o delegado regional de Limoeiro do Norte. Ajudar no que for preciso``, resume o superintendente.

O ambientalista Zé Maria foi executado com 19 tiros, no último dia 21. Ele ficou conhecido pela luta contra o uso do agrotóxico na Chapada do Apodi. Também lutava por terra para pequenos agricultores da área. O crime chocou a região e a Superintendência da Polícia Civil determinou uma força-tarefa para investigar o caso. O delegado regional de Russas, Luciano Barreto, foi o primeiro a ser designado para auxiliar o delegado de Limoeiro do Norte, José Fernandes.

A escolha de Luciano Barreto incomodou a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares no Nordeste, que enviou uma nota ao O POVO, no último sábado. O texto, assinado por 23 entidades, informa que o delegado responde a processo por tentativa de homicídio e tortura contra pescadores de Curral Velho, em Acaraú, em 2004. Os pescadores eram contra uma empresa que criava camarão em cativeiro.

``Não se pode aceitar a participação deste agente público nas investigações, posto que, se encontra sob suspeita de servir ao mesmo modelo opressor, degradador e excludente que Zé Maria lutava contra``, defende a nota. No mesmo dia em que o documento foi enviado, a Superintendência da Polícia Civil designou os dois novos delegados.

Luiz Carlos Dantas nega que a escolha dos novos delegados tenha ligação com a nota escrita pela rede de advogados. Ele também afirma que Luciano Barreto foi chamado apenas para auxiliar no início das investigações. ``A delegacia de Limoeiro do Norte é subordinada a de Russas. Quando aconteceu o crime, chamei (o Luciano) para ajudar, enviar policiais ao local``, argumenta o superintendente, informando que o delegado Barreto já se afastou do caso.

``Esse crime é complexo, não tem como ele continuar. A (delegacia) Regional de Russas assiste muitos municípios. É muito trabalho``, justifica. Na última sexta-feira, Dantas afirmou ao O POVO que havia designado, por meio de portaria, que Luciano Barreto auxiliasse o delegado de Limoeiro do Norte nas investigações. ``Não teve portaria. No dia do crime, liguei para ele e pedi que desse apoio``, disse, ontem.

E-MAIS

O delegado Jocel Dantas já viajou para a Chapada do Apodi. ``Vamos dar apoio. A gente tem carência de policiais em Limoeiro do Norte``, lembra. Ele aproveitou o fim de semana para se inteirar do caso.

Jocel informa que já foram ouvidos familiares e amigos do ambientalista. ``Também fomos aos últimos locais onde ele esteve``, diz. O inquérito deve ser concluído em 30 dias. A suspeita é de crime de pistolagem. O outro delegado, Santos Pastor, deve viajar para Limoeiro hoje.

O delegado Luciano Barreto foi denunciado pelo Ministério Público por agressão a pescadores de Acaraú. Segundo a denúncia, ele e outros dois policiais faziam a segurança particular de uma empresa de carcinicultura. O processo ainda tramita na Comarca de Acaraú. O POVO tentou falar com Luciano, mas ontem ele estava de folga. A delegacia de Russas não informou o telefone celular dele. 

Tiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br  

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