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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

CE lidera instalação de novos parques eólicos


O Estado do Ceará concentra um terço de toda a energia prevista pelo Proinfa, que totaliza 1.452 MW Além de concentrar o maior número de parques eólicos em operação no País, o Ceará é a unidade da Federação que mais está adiantada em obras para instalação de novos empreendimentos. Segundo dados do Banco de Informações de Geração, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), existem, atualmente, oito usinas produzindo energia a partir do ventos no Estado, respondendo por uma capacidade instalada de 96,63 megawatts (MW). A expectativa é que até o fim do ano, mais oito parques estejam concluídos, mais do que quintuplicando a atual capacidade de geração, o que colocará o Ceará como o Estado brasileiro com o maior potencial eólico instalado, com 500 MW. ´O Ceará concentra um terço de toda a energia prevista pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que totaliza 1.452 MW, e é o Estado que atualmente está mais adiantado em obras para construção desses parques eólicos, pois os empreendimentos em construção não têm mais pendências sejam elas de instalação, fundiárias ou ambientais´, afirma Lauro Fiúza, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica). Detentor de 25% de toda a capacidade de geração de energia elétrica a partir da força dos ventos no País (143.000 MW), segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, nos próximos anos o potencial eólico do Estado só tende a aumentar. Ainda segundo a Aneel, mais sete empreendimentos a partir desta fonte de energia estão com a construção prevista, o que adicionará mais 645,9 MW aos 500 MW que passarão a ser gerados ainda em 2009. Desafios Todavia, o desenvolvimento da produção de energia eólica no Ceará ainda enfrenta sérios desafios. ´Hoje em dia, o grande desafio que se apresenta são as discussões com o patrimônio público e os órgãos que cuidam do meio ambiente (Ibama, Semace e Ministério Público), para saber quem deve legislar sobre a liberação das áreas de construção. Aqui no Estado foi onde mais tivemos problemas para liberação, então esta é uma questão que precisa ser agilizada para que possamos definir se o Ceará avança, ou não, na geração eólica´, afirma Fiúza, da Abeólica. De acordo com ele, apesar de o Ceará deter o maior potencial de geração eólica do País, com essas discussões, os investidores, a sua maioria estrangeiros, ficam temerosos em tocar os seus projetos. ´A geração eólica é a que mais cresce no mundo e todos os países aclamam esta fonte de energia. Por outro lado, aqui se questiona se este tipo de usina é benéfica. Ora, desenvolvimento não se faz sem energia´, dispara. Política de longo prazo Um outro entrave, destaca Jurandir Picanço, diretor do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), é a ausência de um programa de longo prazo para o setor. ´O nosso potencial já está reconhecido, mas falta um planejamento de longo prazo para que mais investimentos ocorram´, aponta. ´Só se atrai investimentos se acenarmos para um mercado, uma demanda de longo prazo e é isso que temos discutido com o governo federal´, acrescenta Fiúza. Uma das propostas da Abeólica, fala, é a implantação de um programa de longo prazo no País, de pelo menos 10 anos, com leilões anuais garantindo a compra de no mínimo 1.000 MW. ´Só assim sinalizaremos para os investidores um mercado de energia eólica sustentável no Brasil´, justifica. Desenvolvimento da cadeia Segundo Jurandir Picanço, do Indi, o potencial eólico do Ceará aponta ainda para inúmeras atividades empresariais que podem se desenvolver para atender a implantação e a operação dos parques de energia eólica. Assim, visando identificar oportunidades para desenvolver as atividades relacionadas esta cadeia produtiva no Estado, o Indi, em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece) promove amanhã, a partir das 8h30, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiec), encontro sobre o tema. ´A programação do evento constará da apresentação de especialistas sobre o desenvolvimento da energia eólica no Ceará, bem como a identificação de oportunidades empresariais e a apresentação de diversas formas de apoio a estes segmentos´, destaca Picanço. VERTICALIZAÇÃO Cadeia do setor inclui inúmeras atividades Entre os setores envolvidos na cadeia produtiva da energia eólica no Ceará, destaca o presidente do Indi, Jurandir Picanço, estão, por exemplo, o da construção civil, o metalmecânico, o químico e o de manutenção e operação. Segundo ele, atualmente já existem instaladas no Estado empresas fabricantes de torres e de pás para montagem dos aerogeradores, além de firmas do setor da construção civil, que foram responsáveis pela edificação de boa parte dos parques em operação e ainda daqueles em construção. Um bom exemplo da verticalização da produção de energia eólica no Ceará é a construtora Mercurius dos Ventos. Pioneira na construção de usinas, destaca Ricardo Teixeira, diretor da empresa, a Mercurius já entregou cinco parques com capacidade instalada de quase 68 MW de energia no Estado. E hoje é responsável pela construção de mais nove usinas, sendo cinco delas no Ceará, que juntas vão adicionar em torno de 212 MW à produção do Estado. No portfólio da construtora estão os parques da Praia Mansa (CE), Macau (RN) e Rio do Fogo (RN). Este último, inaugurado em 2006, é o maior parque já em operação no Brasil. A usina eólica pertence à Iberdrola e conta com 62 aerogeradores, com capacidade instalada para gerar 50MW. A Mercurius assinará também o Parque Praia Formosa, em Camocim (CE), pertence à Siif, que contará com 50 aerogeradores com capacidade instalada de 105 MW. Também são clientes da Mercurius os grupos Wobben/Enercon, Pacific Hydro, Econergy, Rosa dos Ventos, Cegelec e Impsa. ´A energia eólica é uma fonte de energia limpa e inesgotável. Sua maior vantagem prática é o aspecto complementar à energia hidroelétrica, a maior fonte de geração no Brasil. Além disso, os danos ambientais são mínimos. Uma usina ocupa, em média, 3% da área do terreno e em nossas obras trabalhamos junto com a comunidade para minimizar ainda mais estes impactos´, afirma Teixeira.

ANCHIETA DANTAS JR. Repórter

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