Dos 19 Municípios avaliados como os mais atingidos pelos efeitos das chuvas deste ano, apenas Crato e Aracati tiveram o estado de emergência reconhecido pelo Governo Federal. Os danos ocorridos nas localidades cearenses ainda estão sendo avaliados por técnicos.
O balanço dos efeitos da quadra chuvosa foi divulgado, ontem, pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará (Cedec/CE). Além do Crato e Aracati, outros Municípios mais atingidos foram Acaraú, Barroquinha, Brejo Santo, Canindé, Ipu, Lavras da Mangabeira, Morrinhos, Quiterianópoles e Porteiras, do total de 19.
O balanço foi apresentado na sede da Cedec/CE. O levantamento ainda pontuou um total de 27 Municípios, que apresentaram dados de desastres ocorridos pelos efeitos das chuvas.
O coordenador da Cedec, tenente coronel Leandro Silva Nogueira, disse que as estatísticas de danos levaram em conta situações de enchentes, enxurradas, alagamentos, deslizamentos, erosão linear, invasão do mar e declarações de emergência. O caso do Crato, conforme informou, foi o mais grave, em vista de que se tratou de uma enxurrada, que destruiu o canal do Rio Granjeiro, pontes e afetou um total de 15.809 pessoas.
Foi também nesse Município da região Sul do Estado que se verificaram 166 residências danificadas, 75 destruídas, 305 pessoas desabrigadas e 498 desalojadas. A situação suscitou uma ação imediata não apenas do Governo do Estado, como também o Governo Federal, que liberou, nos primeiros momentos, recursos da ordem de R$ 4 milhões. As obras para a reconstrução do canal estão em andamento e na segunda-feira, dia 20, equipes da Cedec visitarão os serviços.
Embora Crato e Aracati tenham reconhecidos pelo Governo Federal os decretos municipais de estado de emergência, não significam que outras ações dos gestores municipais não venham ainda a ser considerados como tal pelo Executivo federal.
O tenente-coronel Leandro explicou que muitos danos foram evitados, a partir das reuniões que aconteceram ainda em dezembro do ano passado, quando foi estabelecido um plano de contingência.
A primeira reunião, conforme lembrou, aconteceu em dezembro do ano passado. Na ocasião, foram reunidos prefeitos, coordenadores municipais da Defesa Civil e representantes da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme).
Na ocasião, foram mostrados os planos de atuação conjunta do Cedec e as coordenadorias municipais de Defesa Civil, no sentido de se evitar tanto quanto possível danos contra pessoas e bens.
Ações humanitárias
As ações humanitárias promovidas pela Defesa Civil do Estado chegou a mobilizar 50 pessoas do quadro da Coordenadoria, além de quase todo o efetivo do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, distribuídos por 25 quartéis no Estado. Com isso, foi possível fazer a distribuição de 353.935 quilos de alimentos, 6.488 litros de água potável, 80.580 unidades de redes para dormir, lençóis, roupas e calçados, 428 unidades de itens de higiene e limpeza, 25.900 unidades de ráfia e 11.844 metros quadrados de lona.
"Temos que comemorar que, apesar da intensidade da quadra chuvosa registrada este ano, não houve registro de nenhum óbito", afirmou o coordenador estadual da Defesa Civil.
Enquanto isso, o balanço levantado pela Cedec verificou em todo o Estado 55.280 pessoas afetadas, 986 desalojadas, 766 desabrigados, 21 feridos leves, 342 residências danificadas e 134 destruídas.
O coordenador ressaltou que o balanço foi possível em função de, praticamente, já ter ocorrido o fim da estação chuvosa deste ano. Até ontem, a Funceme ainda não havia divulgado o balanço das chuvas e uma coletiva, envolvendo a Fundação e a Defesa Civil de Fortaleza, está agendada para a próxima quarta-feira, na Capital.
Conselhos Municipais
O tenente-coronel Leandro disse que dos 184 municípios cearenses, há, de direito, representações de Conselhos de Defesa Civil em quase toda totalidade. No entanto, disse que na prática a situação é diferente.
"Hoje, somente os Municípios bem estruturados, incluindo aqueles que compõem a Região Metropolitana de Fortaleza e as localidades de referência regional, como Sobral, Crato, Juazeiro do Norte e Iguatu, funcionam regularmente", disse.
Ele afirmou que o grande desafio é implantar o serviço no maior número possível de localidades, já que cresce em todo o mundo a atenção contra os desastres naturais. Além das ocorrências geradas pelas chuvas, ele lembrou que o Estado também apresenta estiagem, terremotos, erosão marinha, vendaval e até chuva de granizo.
MARCUS PEIXOTO
Repórter
MAIS INFORMAÇÕES
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Rua Conselheiro Estelita, Jacarecanga, Telefone: 3101.4571
http://www.defesacivil.ce.gov.br
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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