Para tristeza dos católicos mais ortodoxos, que seguem as tradições, a Quaresma inicia com falta de abastecimento de algumas espécies de peixe e preço mais caro. A explicação tem sido as chuvas caídas no Pará, principal centro produtor do pescado, afetando as condições de tráfego nas estradas e causando a elevação nos preços.
Nos mercados do Carlito Pamplona, no bairro de mesmo nome e São Sebastião, no Centro de Fortaleza, a grande queixa dos comerciantes tem sido a escassez do produto, fazendo a restrição da oferta elevar o valor do produto para o consumidor final.
"Não temos cavala, o pargo está no defeso e agora também temos pouca oferta da serra", informou o comerciante Luciano Lopes, com um ponto de venda na Rua Teresa Cristina, no entorno do Mercado São Sebastião. A área é conhecida pelo comércio atacadista e distribuidor, inclusive, para supermercados da Capital.
Luciano diz que é comum as vendas caírem nos períodos que antecedem a Quaresma, quando a tradição católica recomenda o consumo do peixe em substituição à carne vermelha.
Contudo, observa que a situação se tornou atípica muito mais pela captação do pescado de outros centros produtores, principalmente do Pará.
Porém, a situação não é diferente em outros locais com criação de peixes, como os estados do Maranhão e Piauí e também Camocim e Acaraú, no litoral Oeste do Ceará. Ou seja, o transporte tornou-se mais caro e a entrega tem levado mais tempo que o esperado.
A crise na venda do peixe também pode ser sentida não na pouca movimentação dos caminhões frigoríficos na Rua Teresa Cristina. Ainda mais desolador é o fechamento de antigos pontos comerciais, que ficaram conhecidos como referência da atividade em Fortaleza.
O comerciante José Paulo Filho disse que, se em um passado recente, havia quem vendesse até 50 toneladas de peixe por semana, essa quantidade passou a ser mensal e hoje, somente pelos grandes vendedores.
A falta da cavala foi motivo de desapontamento para Francisca dos Santos Oliveira, 70 anos, residente na Rua Princesa Isabel. Ela contou que algumas espécies são vendidas cedo da manhã. Por isso, quem chega depois das 9 horas corre o risco de não mais encontrar não só a cavala, mas também peixes como o sirigado, a arabaiana e até mesmo a garoupa. Durante o Carnaval, estavam sendo vendidos, respectivamente, por R$ 16,00, R$ 15,00, R$ 11,00, nos pontos de venda do Mercado São Sebastião.
"Embora todos os alimentos estejam caros, principalmente a carne, o peixe sempre tem oscilação de preços, conforme a sazonalidade e o aumento da demanda. O problema agora é que está faltando geral", afirmou o comerciante Luciano Lopes.
CARLITO PAMPLONA
Peixe de água doce ainda é uma opção saudável
Apesar de muitos comerciantes improvisarem boxes próximos à pracinha, por conta da reforma, o Mercado do Carlito Pamplona ainda é referência para a compra do peixe de água doce em Fortaleza.
Na falta de peixe de água salgada, muitos consumidores, principalmente os de baixa renda, optam pela tilápia, que está custando entre R$ 6,50 e R$ 7,00, nos boxes daquele centro varejista.
O comerciante João Batista Tiago Bezerra diz que o pescado produzido em cativeiro ainda tem um preço acessível para a população, principalmente comparando com o preço da carne.
"Acredito que o preço vai subir até a Semana Santa. Daqui para lá, os aumentos vão acontecer principalmente para os de água salgada", afirmou Batista.
No Carlito Pamplona, há também um centro atacadista, que cedo da manhã oferece os pescados de açudes e reservatórios com criadouros.
Em vista disso, como lembrou o atacadista Osvaldo Lima Filho, há uma compensação para outras espécimes, que não são encontradas, quer pelo defeso, quer pela captura escassa das embarcações de médio a grande portes.
"Hoje, ninguém mais estoca peixe, esperando o melhor momento para vender, com preço mais caro. Além de estar faltando, muita gente prefere contar com o dinheiro imediato, a apostar num futuro que é incerto", afirmou Osvaldo.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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