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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ARTIGO: Semiárido e solução


O Estado do Ceará está situado na região equatorial com uma característica única: clima semi árido com aproximadamente, 80% de solos rasos, muitas vezes pedregosos e alto nível de salinidade. Portanto, são solos de difícil manejo, muito suscetíveis aos processos de erosão. Por estar situado nessa região equatorial e no semi árido, o regime de chuva, quando ocorre, é intensivo, forte e concentrado em quatro ou cinco meses por ano.

O casamento desse regime climático com as nossas condições de exploração desse solo é quase sempre desastroso quanto aos aspectos de conservação da natureza. Por questões histórico-culturais, o nosso agricultor aprendeu a cultivar o nosso solo deixando-o totalmente exposto aos processos de degradação provocada pela severidade das chuvas.

Por outro lado, a colonização do nosso espaço geográfico deu-se de forma extensiva, com formação de grandes propriedades e concentrações de produtores em comunidades sem alternativas econômicas de sobrevivência.

Isso gerou uma grande quantidade de famílias de baixa renda, que em face dos períodos temporais de seca acorrem para as cidades, criando toda ordem de necessidades para serem atendidos pelos poderes públicos.

Resolver essa equação não é uma tarefa fácil, mas existe solução. A questão não se resolve somente com atividades pontuais, com foco exclusivo na agricultura, com a intensificação isolada de assistência técnica. Também a opção do investimento maciço em agricultura irrigada é limitada no Estado, porque não existe água suficiente para irrigar os solos existentes. Tem mais solo do que água e o enlace dos dois só se dá de forma completa e abundante nas regiões do Baixo Jaguaribe e do Acaraú. E como fica o sertão central?

Recentemente, a Secretaria dos Recursos Hídricos(SRH) encerrou um projeto piloto, financiado pelo Banco Mundial, denominado Projeto de Desenvolvimento Hidroambiental(PRODHAM), em que foram testadas tecnologias para o semi árido e técnicas diversas de apoio à população para convivência com todo esse problema.

São técnicas simples, que foram catalogadas e aplicadas e que são usadas em muitas partes do mundo, mas que dão resultado nos aspectos de conservação da natureza e de desenvolvimento da população local.

O resultado da ação mostrou que o desenvolvimento só ocorre se essa ação do setor público for integrada, ou seja, agir de forma concentrada, atacando todos problemas ao mesmo tempo.

Cuidar da conservação do solo, da vegetação e da água, com produtores conscientes da importância da preservação da base de recurso natural que ele explora(dimensão ambiental), incentivo às atividades econômicas sustentáveis, com opções econômicas, seja agrícola ou não agrícola (dimensão econômica) e que eles sejam alfabetizados, capacitados e organizados, com acesso à água e aos serviços públicos(dimensão social).

Embora tenha alguns senões, essa experiência exitosa pode ser conhecida na microbacia hidrográfica do rio Cangati, comunidade de Iguaçu, em Canindé, podendo ser aplicada em todo o Estado.

Com alguns ajustes, a solução do semi árido está por aí, só basta querer.

Ricardo Lima de Medeiros Marques - engenheiro agrônomo

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