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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

POLITICA: Deputado Anibal Gomes resiste à formação de bloco na câmara


As incertezas sobre a viabilidade do bloco parlamentar liderado pelo PMDB e que atraiu PTB, PR, PP e PSC são lançadas agora por integrantes do próprio partido. Descontentes com a forma como foi anunciado e também com o objetivo de se opor ao PT na disputa pela presidência da Câmara em 2011, deputados pemedebistas afirmam que aguardam o chamado das lideranças da legenda na Casa para conversar sobre o assunto.
O depositário das reclamações internas é o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), um dos principais nomes do chamado "baixo clero" pemedebista na Câmara. Filiado ao PMDB desde 1982, com breve passagem pelo PSDB entre 1997 e 1999, é eleito sucessivamente deputado desde 1994. Com a quarta maior votação em seu Estado neste ano, ele caminha agora para o seu quinto mandato. "Alguns parlamentares do partido acharam desnecessária a criação do bloco. Muitos foram surpreendidos, outros ainda esperam ser chamados pela cúpula do partido para serem ouvidos. A gente nota que o pessoal queria ser ouvido", afirmou ontem ao Valor.
"Com a eleição da Dilma e do Michel Temer, presidente da Câmara e do partido, hoje o partido já é governo. Não somos mais um partido de apoio. O PMDB já se sente governo. Por isso eu acho que era desnecessário montar esse bloco", disse.
O deputado Anibal Gomes, que também tem grande ligação com o chamado "PMDB do Senado", no qual se destacam os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), ambos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante todo o seu mandato, declarou também ter dúvidas sobre o futuro do bloco. "Não sei se vai para a frente, não sei como está a cúpula do PT e do governo quanto a isso, se é bem vindo por lá. Ainda tem muito tempo para conversar. Acho que não é irreversível não. O presidente Lula tem muito ascendência sobre as bancadas", disse.
Segundo ele, há que se considerar nas negociações o que pensam os novos deputados que foram eleitos neste ano e irão compor cerca de 40% dos 79 deputados que o PMDB terá a partir de 2011: "Essas pessoas logo que assumirem vão fazer novas exigências porque não têm essa relação estreita com a cúpula do partido. Vão chegar e certamente vão exigir uma conversa com as lideranças do partido."
Gomes não cita os nomes dos insatisfeitos do PMDB nem quantos são, mas na Câmara estima-se que pelo menos 20 dos 90 deputados da bancada levaram essas reclamações até ele. "Eu particularmente não tenho do que reclamar. Sou muito amigo do Michel e acho o líder Henrique Eduardo Alves um dos melhores dos últimos tempos. E já sabia da criação da bloco. Mas é notório que o partido reclama muito. Queriam uma comunicação maior", afirmou.
Ontem, Temer afirmou que o bloco na verdade é um "protocolo de intenções". "O que houve foi uma espécie de protocolo de intenções. Regimentalmente, você prepara o bloco dias antes da posse e lá na posse você formaliza o bloco. Os equívocos durante a transmissão da ideia é que foram fortes", disse. E garantiu que a ideia não é a de confrontar o PMDB: "Deram muita ênfase a isso, especialmente tentando criar uma ideia de que há uma divergência entre o PMDB e o PT. Eu já disse: não há divergência alguma".

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