O entrave logístico que tem dificultado o crescimento das exportações de flores do Ceará poderá ter solução em breve, a partir da consolidação de parceria, ainda em fase de negociação, envolvendo a companhia aérea espanhola Iberia, a Setur e a Adece. A proposta é estabelecer um voo direto regular partindo semanalmente do Ceará para Espanha, mesclando o transporte de flores e de passageiros.
De acordo com Francisco Zuza, presidente da Adece, embora o ideal fosse ter um avião cargueiro para a Europa, com regularidade de três vezes por semana, exclusivamente para enviar flores e frutas cearenses ao mercado europeu, a parceria é bem-vinda. Segundo ele, a parceria com a Iberia será um importante passo para facilitar as exportações de flores aos países da Europa, a partir da Espanha."Estamos tentando encontrar um equilíbrio para firmar esse acordo. Para que seja viável, estamos negociando o custo do frete - que tem de ser bom para a empresa e para o exportador, a regularidade a ser estabelecida para o voo e a logística de redistribuição do produto em caminhões frigoríficos partindo da Espanha para outros países europeus", explica Zuza, para quem essa é uma equação que está perto de ser resolvida. "Não vamos esmorecer", garante.
CargueiroConforme o presidente da Adece, se houvesse um avião cargueiro regular entre Ceará e Europa, com três voos semanais, o Estado poderia exportar de 50 a 100 toneladas de mamão formosa por semana para o mercado europeu, além das flores.
"Hoje, nossa demanda só de rosas é de cerca de 8 toneladas por semana. Nossas flores viajam no porão dos voos de passageiros. Dependendo do volume de bagagens, diminui o espaço disponível no avião. Isso gera uma instabilidade grande para os produtores de flores do Estado", comenta.Um dos entraves aos cargueiros para o transporte aéreo de flores e frutas do Ceará, conforme Zuza, é a limitação do Aeroporto Pinto Martins. "É preciso mais 600 metros de pista no Pinto Martins para que o avião possa sair lotado de produtos e combustível, evitando parar para abastecer" - o que inviabiliza o custo da exportação por avião cargueiro. "No Quênia, um país africano, saem quatro cargas de rosas por dia", exemplifica.
Dados do MDIC indicam que entre 2006 e 2009 as exportações de flores do Ceará tem permanecido no mesmo patamar, entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões ao ano. A expectativa para este ano, conforme Euvaldo Bringel Olinda, presidente do Instituto Frutal, é que as vendas de flores ao mercado externo continuem no mesmo patamar de 2009 devido aos problemas logísticos.Citricultura
A citricultura, segundo Bringel, também deve ganhar força, em breve, com a retomada do plantio nas regiões do Baixo Acaraú e Tabuleiro de Russas. "Já fomos exportadores de laranja, mas por barreira fitossanitária, abandonamos essa cultura. Hoje, porém, há uma variedade mais resistente que pode ser plantada nessas regiões", diz.
EMBRAPA TESTAFrutas temperadas em experimento
Ao todo, são 10 projetos em andamento nas regiões de Apodi, Ibiapaba, Tabuleiro de Russas, entre outrasA Embrapa está realizando, atualmente, projetos experimentais de cultivo de frutas temperadas, que vão agregar valor à fruticultura cearense. São, ao todo, 10 experimentos nas regiões de Apodi, Ibiapaba, Tabuleiro de Russas, entre outras, onde estão sendo cultivadas frutas temperadas como pera, maçã, pêssego, nêspera, figo e oliva. De acordo com o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel Olinda, o desenvolvimento da Frutal nos últimos anos tem contribuído para a realização de projetos como esse.
"O evento tem cumprido seu papel de indução. Estamos sempre viajando, trazendo novos conhecimentos e tecnologias apresentadas noutras feiras. O fortalecimento das parcerias também tem impulsionado o crescimento do setor".Há apenas quatro dias para a Frutal 2010 - 17ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria, os números do setor de fruticultura ampliam as expectativas das exportações de frutas do Ceará. Conforme Erildo Pontes, diretor técnico do Instituto Frutal, que apresentou ontem pela manhã o evento aos jornalistas, a tendência é que as vendas externas de frutas do Estado em 2010 ultrapassem US$ 120 milhões.
Segundo ele, o comparativo mensal entre 2010/2009 das exportações cearenses de frutas frescas revela que, excetuando janeiro de 2010 quando as exportações do produto fecharam em US$ 11,1 milhões - três milhões a menos do que em igual mês de 2009 (US$ 14,1 milhões), todos os meses seguintes estão apresentando desempenho superior ao ano passado. "Comparando mês a mês, de fevereiro a julho deste ano as exportações de frutas do Ceará mostram crescimento sobre o ano passado. Isso nos faz crer que devemos chega ao fim de 2010 exportando acima dos US$ 120 milhões", projeta.Em fevereiro deste ano as exportações de frutas renderam ao Ceará US$ 8,5 milhões face a US$ 5,8 milhões registrados no segundo mês de 2009. Em março as divisas somaram US$ 3,8 milhões contra US$ 3,7 milhões. No mês de abril foram apurados com as vendas externas de frutas cearenses US$ 3,5 milhões contra US$ 2,9 milhões. No mês de maio, a soma obtida foi US$ 2,2 milhões superando US$ 1,8 milhão do respectivo mês no ano anterior. Em junho último foram US$ 2,5 milhões contra US$ 1,03 milhão de junho/2009. Por último, em julho deste ano as vendas externas de frutas renderam US$ 1,5 milhão contra US$ 778,7 mil.
ÂNGELA CAVALCANTEREPÓRTER
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário