ACARAÚ SEM TERMINAL RODOVIÁRIO, ATÉ QUANDO?

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terça-feira, 29 de junho de 2010

ACARAÚ: Atividade portuária na pesca


Falar do Porto das Cacimbas, na cidade litorânea de Acaraú, é falar de um tempo de muita nostalgia, pois se sabe perfeitamente que este antigo porto, quando em plena atividade, foi responsável pelo desenvolvimento da região do Baixo Acaraú.

Era algo em torno de 900 carros de boi que trafegavam continuamente nos meses de verão. Nas estradas poeirentas, transportavam-se algodão, couros, peles de animais e outros produtos que em Cacimbas eram embarcados para Pernambuco, Bahia e outros mercados.

O historiador Raimundo Girão, em sua obra "História Econômica do Ceará", confirma isto, quando informa que "pelo Acaraú transitavam os artigos e mercadorias que saíam ou demandavam os sertões do Norte da Capitania. As primeiras fábricas foram levantadas no modesto Porto das Cacimbas".

Por meio do Porto das Cacimbas surgiu um outro para atender às embarcações fluviais. Era o Porto da Outra Banda, hoje denominado de Porto Pesqueiro, afastado cerca de cinco quilômetros da barra do rio, que deu origem ao povoado que adensou com o nome de Oficinas, para mais tarde se transformar na cidade de Acaraú.

Hoje os tempos são outros: o Porto Outra Banda se transformou num bairro que se situa às margens do Rio Acaraú, mais precisamente na desembocadura desse rio. O porto hoje está a serviço de empresas ligadas à pesca empresarial e viveiros de camarão. Naquele bairro já está em fase de instalação outro viveiro, que ocupa uma das áreas de mangue, responsável pela valorização dessas áreas.

Atualmente, os quintais das casas são disputados por empreendedores do ramo, que ali instalam seus viveiros. Alguns moradores reclamam do mau cheiro que exala do Rio Acaraú, proveniente de restos despejados pelos viveiros que estão funcionando. A comunidade se sente incomodada, mas não sabe como nem para quem reclamar, caracterizando a falta de informação quanto aos direitos e deveres do uso dos lugares públicos. Encontrar alguém que queira reclamar da situação é difícil. Todos temem sofrer represarias por empresários ou por pessoas ligadas a eles.

"O Porto de Cacimbas em Acaraú foi a porta de entrada dos meus antepassados. Foi por aqui que chegou, vinda de Pernambuco, mais precisamente de Porto de Galinhas a minha avó materna Alzira Pereira dos Santos", comentou o pesquisador e professor Lucivan Rios Silveira, mais conhecido por "Totó", que está editando um livro que tenta resgatar o período áureo do Porto de Cacimbas. Ele lembra que o porto teve também um grande valor histórico. "As histórias de algumas famílias acarauenses têm origem no Porto de Cacimbas. Minha avó casou-se com Inácio Eduardo Rios de onde descende nossa família".

Um dos fatos memoráveis na vida da população desta cidade data o dia 20 de janeiro de 1981, quando o inglês Stuart Mallert Rogerson chegou na companhia de esposa, uma dinamarquesa, e três filhos. A família viajava num pequeno barco, o "Thália". Naquela ocasião estavam dando uma volta ao mundo e, no Brasil, escolheram a Ilha Fernando de Noronha e a cidade de Acaraú para visitar. Passaram três meses arrumando o barco e no dia 13 de setembro daquele ano deram sequência à aventura.

O pesquisador lembra que o Bairro Outra Banda foi realmente o início de tudo, em Acaraú. "Ali aportavam as embarcações menores, que vinham de Cacimbas, pelo rio, nas mares de enchentes", recorda Totó.

O Porto de Outra Banda (Pesqueiro) tem hoje praticamente a mesma atividade de outrora. Usado para embarque e desembarque do pescado dos barcos que com a pesca da lagosta aumentou o número de barcos. Quatro trapiches são destinados a esse tipo de embarcações que ali ancoram diariamente.

Com informações do Jornal Diário do Nordeste

Um comentário:

Totó Rios disse...

Agradeço postagem da matéria que ajudei a realizar, resgatando a História de Acaraú