ACARAÚ SEM TERMINAL RODOVIÁRIO, ATÉ QUANDO?

Páginas

terça-feira, 25 de agosto de 2009

HABITAÇÃO: BNB suspende liberação de verbas para Fetraace


O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) confirmou que firmou um convênio com a Federação de Pescadores e Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Ceará (Fetraace). O objetivo seria a capacitação de líderes que atuam com agricultura familiar no interior do Estado. O recurso total do convênio seria de R$ 46 mil e parte da verba, R$ 12 mil, foi liberada na última sexta-feira ao presidente da Fetraace, Francisco Eraque Roque.

Segundo a assessoria de comunicação do BNB, depois das denúncias publicadas com exclusividade pelo O POVO, foi decidido que o restante da verba do convênio será retido para que seja feita uma reavaliação do acordo com a Fetraace.

Além disso, o banco irá fiscalizar a correta aplicação dos recursos repassados. De acordo com a assessoria do BNB, antes de firmado o convênio, foi feita uma consulta aos órgãos de crédito, mas não feito nenhum levantamento sobre o presidente da Fetraace na Justiça.

Em conversa com O POVO, na última sexta-feira, Eraque Roque comentou que, a partir do convênio, seriam capacitadas 500 pessoas em 100 municípios do Interior. Ele é acusado de aplicar o “golpe da casa”, como está sendo chamado o esquema dentro do suposto projeto “Nossa Morada”. Eraque teria prometido construir mais de 1.500 casas em 22 cidades do Interior. As famílias pagaram para se cadastrar no projeto, mas não receberam as casas. Os comerciantes que participaram de uma suposta licitação alegam terem investido dinheiro e reclamam que não receberam a verba prometida.

O Ministério das Cidades divulgou que recebeu um ofício, assinado por Eraque Roque, mas no nome de outro órgão, a Federação das Entidades Não-Governamentais de Assistência Social e Agricultura Familiar do Vale do Acaraú, cuja sigla seria Feaac. No documento, datado de 1º de julho de 2007, havia o pedido de um recurso no valor de R$ 816 mil, que seria usado para a construção de 120 casas em Acaraú, Cruz, Bela Cruz, Marco e Jijoca de Jericoacoara.

A construção de cada casa custaria R$ 6.800. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério, para concorrer a um convênio no Ministério, é necessário fazer parte da seleção pública e ser uma entidade habilitada. A assessoria informa que a federação não participou de nenhuma habilitação.

O POVO conversou com um ex-funcionário da Fetraace, que pediu para não ser identificado. Além do atraso no pagamento do salário, o fator que contribuiu para que ele saísse de lá foram os boatos que começaram a surgir em torno do projeto “Nossa Morada”. “A tendência era macular a instituição completa”, avaliou ele.

O ex-funcionário conta também que estava recebendo muitas reclamações dos comerciantes que participaram da suposta licitação e dos presidentes dos sindicatos que Eraque fundou no Interior. “Eu não queria participar de uma entidade que não vinha tendo sucesso”, resume ele.

E-MAIS

Em nota de esclarecimento divulgada à imprensa, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Ceará (Fetraf-Ceará) informa que os Sindicatos de Trabalhadores da Agricultura Familiar que compõem sua organização não têm nenhuma ligação com a Fetraace, presidida por Francisco Eraque Roque.

A Fetraf-Ceará, de acordo com a nota, foi fundada em 12 de maio de 2003 por agricultores familiares do Estado em assembleia geral. “Representa um sindicalismo novo, que busca construir uma nova forma de ser sindicato, com uma estrutura baseada na liberdade e autonomia sindical”, cita a nota.


A nota é assinada por Manoel Arnoud Peixoto, da Fetraf Brasil, e Eugenia Maria Alves de Sousa, coordenadora estadual de Habitação/Cooperhaf.

Fonte: Daniela Nogueira
danielanogueira@opovo.com.br

Nenhum comentário: