
Numa sessão histórica, o Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol (TJDF) reconheceu ontem o penta do Ceará Oitenta e nove anos depois, o Ceará teve que esperar para ver reconhecimento do seu pentacampeonato conquistado dentro de campo nos anos de 1915 a 1919. A decisão nesse sentido foi tomada pelo pleno do TJDF, numa sessão que durou mais de seis horas. A vitória foi apertada (4x3), mas foi suficiente para tornar o Alvinegro o maior detentor de títulos oficiais do nosso Estado (39 contra 37 do Fortaleza). De acordo com o presidente do Tribunal, Ernando Uchoa Lima Sobrinho, a Federação Cearense de Futebol (FCF) será notificada nos próximos dias a proceder a homologação. Uchoa entende que a decisão não cabe recurso. Por volta das 15h30, a sessão foi iniciada. Primeiramente, o pleno apreciou os embargos declaratórios interpostos pelo Fortaleza, contra a decisão anterior de não aceitá-lo como terceiro interessado no processo. Por 8x0, a solicitação do Tricolor foi indeferida. Depois, uma nova votação aconteceu. Desta feita, para saber se o TJDF analisaria de uma só vez o mérito da questão, alusiva à ação declaratória do Ceará, pedindo que fosse reconhecido a sucessão entre a Liga Metropolitana Cearense de Futebol (LMCF), fundada em 1915 a ADC, surgida em 1920, e as conseqüências advindas dessa relação (o pentacampeonato). Por 5x4, o pleno optou por apreciar as duas questões ao mesmo tempo. Arma do ´inimigo´ O que causou surpresa geral e funcionou como uma verdadeira bomba foi a apresentação do livro editado pelo Fortaleza em comemoração aos seus 85 anos, escrito pelo jornalista Renato Abreu e editado justamente na gestão do então presidente Jorge Mota, advogado do Leão que acompanhou o caso. No livro em questão, Alcides Santos, fundador do Tricolor de Aço, é saudado como grande dirigente da sua época, além de ter sido fundador da Liga e da ADC. No trecho lido por um dos advogados do Alvinegro, Haroldo Martins — os outros dois foram Clarke Leitão e Irazer Gadelha— é destacado que ´a Liga, que depois se transformaria em ADC´. Até chegar ao placar de 4x3 a seu favor, parecia que o Ceará não teria êxito. O procurador Vitor Hugo (que não tem direito a voto) frisou em seu relatório que, na sua opinião, a justiça desportiva não tinha competência para apreciar o caso. Voto polêmico Em seguida, num voto que causou muita polêmica, o relator do processo, Rafael Ramos, entendeu que caberia à Justiça Desportiva analisar o caso. Quanto ao mérito, no entanto, pediu que o processo fosse devolvido para a FCF adotar uma posição (pró ou contra). O vice-presidente Cícero Antônio de Menezes, além dos auditores Antônio Rodrigues Filho e Eugênio Duarte Vasques, entenderam que o caso deveria ser extinto, pois, na avaliação deles, o assunto é da esfera da Justiça Comum. A favor do Alvinegro, votaram pela competência do TJDF para apreciar a ação declaratória proposta e, em seguida, pelo seu deferimento, os auditores Haroldo Guimarães Filho, Lígia Arraes, Sérgio Aragão Felício e João Batista Rodrigues. Não votou Vale salientar que o presidente do TJDF, Ernando Uchoa, não votou em nenhuma das ocasiões. Ele teria direito, além do voto simples, o chamado voto de minerva, no caso de haver empate. O advogado Jorge Mota, que não pôde participar do julgamento sobre o mérito, já que o Fortaleza não foi aceito como terceiro interessado, saiu rapidamente após o julgamento e não deu nenhuma declaração sobre um possível recurso.
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