
Para especialista, sinal ruim e desinformação fazem TV digital brasileira não decolar mesmo após um ano da estréia.
Diretor para América do Sul da fabricante de chips que equipa os conversores da Proview, Ricardo Tortorella, da STMicroelectronics, diz que as vendas de conversores devem manter o ritmo morno em 2009.
“Houve uma grande expectativa em torno dos benefícios e da qualidade da TV digital antes de seu lançamento. Mas, depois, indústria e consumidores ficaram frustrados e muitos usuários que experimentam a TV digital, depois, saem criticando a qualidade de sinal e a pouca oferta de conteúdo para seus conhecidos”, diz.
Tortorela é diretor da fabricante de chips para TV digital ST, que fornece processadores para a Proview, VisionTech e Accenture.
“Toda tecnologia quando estréia leva um tempo para se popularizar. Um leitor de DVD custa R$ 100 hoje, mas já custou R$ 1,5 mil. Da mesma forma as emissoras de TV levam um tempo para se adequar à nova tecnologia. Só São Paulo tem todas as grandes redes transmitindo em sinal digital. Em outras cidades, a oferta de conteúdo ainda é pequena”, diz Ricardo, para quem a promessa de conversor barato e cobertura ótima feita pelo governo antes da estréia da TV digital “contrariou as leis de mercado”.
O especialista prevê ainda um cenário ruim para 2009, em função da crise financeira global e de um eventual aumento para o consumidor final no custo de eletrônicos, como os conversores para TV digital, em função da alta do dólar.
“Acredito que para a TV digital decolar no país será preciso convencer as classes C e D a migrar para este modelo. As classes A e B, além de não serem muito populosas, estão interessadas em serviços diferenciados e muitas vezes têm serviço digital via suas operadoras de cabo. Quem pode puxar as vendas de conversores são as classes de menor renda, que até o momento não viram razão para tirar R$ 300 de seu orçamento para comprar um conversor”, diz Ricardo.
O executivo vê três fatores que podem alavancar a TV digital no Brasil, a introdução das ferramentas de interatividade na TV, a melhor oferta de conteúdo e de sinal de qualidade e uma campanha que explique para a população o que é a TV digital e quais são seus benefícios. “Uma minoria ínfima da população conhece hoje o que a TV digital pode fazer”, diz Ricardo.
De acordo com projeções do Fórum Brasileiro de TV digital, até o final deste ano o sinal das redes abertas atenderá 40 milhões de usuários, mas só uma minoria, cerca de 1,6% ou 650 mil usuários migrou para o sistema digital.
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