As chuvas que castigam os quatro cantos do Estado prejudicam a economia do Ceará. Com as estradas esburacadas, pontes destruídas e trechos intransitáveis, o escoamento da produção agrícola e industrial do Estado fica prejudicado. O secretário estadual de Infraestrutura, Adail Fontenele, admite que a situação é difícil, mas garante que o Governo está monitorando os problemas. “Estamos mapeando a situação e a cada dia fica pior. Temos consciência de que é um momento ruim, mas não podemos ser hipócritas em dizer que dá para arrumar as estradas antes do período chuvoso passar”, diz. A Defesa Civil do Estado contabiliza 79 municípios atingidos pela chuva. Desses, 43 decretaram situação de emergência. Três rodovias estaduais tiveram de ser interditadas no período. A CE-060, entre Farias Brito e Crato e de Baturité a Quixadá, a CE-138, entre Cristais e Morada Nova e a CE-371, que liga Morada Nova a Jaguaretama. Segundo o presidente do Sindicato de Produtores de Leite do Ceará (Sindleite) José Sobrinho, o escoamento da produção foi bastante prejudicado. “Está horrível, caíram muitas pontes e a situação é calamitosa”, diz. Ele conta que os produtores preferiram soltar o gado no pasto e suspender a ordenha. Segundo Adail Fontenele, o volume de chuvas, que para ele é fora do comum, é responsável direto pela situação das estradas. “De abril a maio choveu 150% a mais do que em anos anteriores. Esta quantidade faz com que haja arrombamentos de pequenos açudes e isso arrasa as estradas”, explicou. Vendas A diretora de marketing do Grupo Ypióca, Aline Telles, afirma que em algumas cidades já não se consegue entregar os produtos. “Em regiões como Jaguaruana é preciso fazer um desvio de 100 quilômetros para se chegar aos pontos de venda. Já em General Sampaio, por exemplo, o bloqueio é total. Não conseguimos abastecer as distribuidoras”, explica. Ela diz ainda que o prejuízo está na logística e também na margem de lucro da empresa. “No campo das bebidas alcoólicas, se não tivéssemos estes problemas, com certeza estaríamos vendendo mais”, avala dizendo que “ao contrário da cachaça, que se mantém no mesmo patamar de vendas, as chuvas fizeram a marca de água mineral do Grupo Ypióca cair 10%”. “A alternativa para entregar nossos produtos é a utilização de veículos de menor porte. Ao invés de usar nossas carretas, passamos a transportar em caminhonetes e furgões”, diz. Ela comenta que a Ypióca cedeu parte de sua frota para a Defesa Civil. Adail Fontenele adianta que o governador Cid Gomes se reunirá co m 43 prefeitos que declararam Estado de Emergência. “Neste encontro será definido ações de infraestrutura. Na próxima semana o Cid vai a Brasília em busca de recursos”, disse acrescentando que o programa de recuperação de mil quilômetros de estradas, ao longo de três anos de governo, se mantém inalterado. “Basta passar as chuvas”, conclui. E-MAIS >Segundo a Defesa Civil do Ceará, 79 municípios sofrem com as inundações e em 43 foi decretada situação de emergência. >As cidades mais afetadas estão nas regiões norte e nordeste do Estado. Mais de 27 mil pessoas permanecem desalojadas e 17 mil desabrigadas. O Rio Jaguaribe, que banha Itaiçaba, chegou a dois metros acima do seu leito. >O governo estadual lançou a campanha Força Solidária para arrecadar alimentos, água potável, redes, e utensílios de cozinha. Os donativos devem ser enviados para a Defesa Civil. Foram liberados R$ 5,7 milhões em verba emergencial. > Os municípios que tiveram recursos disponibilizados pelo Estado foram Granja, Morada Nova, Jaguaruana, Crateús, Caridade, Canindé, Marco, Santana do Acaraú, Pacujá, Limoeiro do Norte, Itarema, Icó, Chaval, Coreaú, Itaiçaba, Itapagé, Itapiúna, Morrinhos, Quixeramobim, Sobral, Moraújo, Acaraú, Bela Cruz e Russas.
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